Tive uma infância muito humilde, meus pais eram analfabetos, minha mãe ainda é e meu pai aprendeu a ler no antigo MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização para tirar a Carteira de Habilitação e comprar um táxi, conseguiu e exerce a profissão na Estação Rodoviária daqui de minha cidade. Para ele ler e escrever foi uma das coisas mais importantes que aconteceu em sua vida, colocava toda a família no carro e saia lendo todas as placas dos carros e anúncios que encontrava pela cidade, quando um passageiro esquecia uma revista ou um livro no carro chegava em casa com o livro como se tivesse encontrado um diamante, isso é algo que nunca vou esquecer.
Num belo dia passou um vendedor de livros na rodoviária e ele comprou um Atlas imenso e da capa dura, foi um presente inesquecível (ainda guardo muitas páginas dele), nele viajava para todos os países do mundo sem sair do lugar. Acho que é por isso que tenho esse gosto pela geografia, aprendi a ler mapas mesmo antes de saber ler e escrever, meu pai lia para mim e contava histórias que tenho certeza, muitas eram inventadas.
Um outro presente que ganhei foi uma lousa, ainda a tenho, lá ele me ensinou o “ a – e – i – o – u e o abc” ( ele fala desse jeito ), como brinquei de professora com essa lousa, quando entrei na escola já sabia ler e escrever muitas palavras, o que o deixava orgulhoso.
Esse exemplo ele continua dando até hoje aos 73 anos, em seu carro ou em casa nunca falta algo para ler, seja livro, jornal, revista ou a bíblia.Regina Laurenti - professora de geografia.
O seu depoimento está emocianante e muito lindo. O que conseguimos com esforço tem muito mais valor para nós. O meu desejo é que você curta o seu pai por muitos anos ainda como o seu melhor exemplo.
ResponderExcluirNão ha processo educativo, mesmo informal, se não houver envolvimento e dedicação. E as diversas histórias que participamos uns aos outros em nossos grupos de trabalho evocam a emoção contida em cada episódio de constituição da leitura e escrita.
ResponderExcluirAliás, ler é uma das coisas mais emocinantes da vida.
ExcluirAbraço - Regina
Regina adorei seu depoimento, como a gente era feliz e não sabia, nossos maiores presentes foram livros, hoje a moçada ganha aparelhos eletronicos de última geração e não dão valor, como a gente era feliz...
ResponderExcluirEstimulante o seu depoimento sobre sua infância, sabe, meu pai nunca terminou o ensino fundamental II, antigo ginasial, mas estudou dois filhos na faculdade e sabe fazer contas de porcentagem na mente, algo que não tenho condição de fazer, pois essa competência não foi explorada quando eu estudei e não faz tanto tempo assim. Em compensação, quanto à leitura de livros, sempre fui estimulada a lê-los.
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