DOMINGO MACABRO
Sol alto. Céu
sem nuvens. Domingo. Dia de esticar o sono, principalmente para quem mora
sozinha por opção e não tem compromisso.
Afinal a semana fora comprida e o dever cumprido. O descanso era mais do que
merecido para aquela oficial de justiça que não deixa nada para depois. Ellen,
nome abreviado de Ellene, sem “h” , com dois “l” e “e” no final, para complicar
sempre que é requisitado em alguma transação,
nem se dá conta das horas quando ouve a campainha tocar. No edifício
onde mora o silêncio indica que a maioria de seus habitantes, ou viajou ou
ainda dorme. Envolta num roupão, espia pelo olho mágico da porta e nada vê. Por
curiosidade, abre-a e se depara com uma cena inusitada: uma pessoa adulta está
caída e em posição fetal, como a contorcer-se de dor, logo a sua frente. Procura controlar-se e verificar o que está
acontecendo. Ninguém por perto. Apenas ela e aquele estranho bem vestido, olhos
arregalados e de uma imobilidade preocupante.
Liga para a
portaria do prédio e pede ajuda. Decorrem vinte angustiosos minutos até a
chegada de uma autoridade policial e dos paramédicos do corpo de bombeiros, que
constatam que o indivíduo está morto.
Mil perguntas
lhe veem a mente enquanto o corpo aguarda a chegada da perícia. Como chegara
até ali? Quem seria? Por que um desconhecido tocaria sua campainha logo num
domingo de manhã? Enquanto se refaz do susto e o corpo é removido, recebe a
recomendação para estar disponível nos próximos dias para uma eventual
investigação.
Nenhum morador
do terceiro andar se manifestou ou tomou conhecimento da operação que ela
chamou de “domingo macabro”. Com o incidente perdera a vontade de planejar o
dia, após uma chuveirada. Tentou concentrar-se, após tomar um copo de iogurte,
seu desjejum preferido, mas a cena não lhe dava paz. Queria explicações.
Precisava delas. Ligou o “notebook” à procura de notícias sobre o ocorrido confiante nas tecnologias, e nada! Acabou por iniciar uma
conversa com uma escrivã de polícia, amiga de velhas travessuras, que prometeu-lhe
prioridade nas informações. Combinaram de almoçar juntas, não sem antes ligar
para a mãe, preocupada com o fato de a notícia espalhar-se e pegá-la de
surpresa.
Para um
domingo que nada prometia, foi movimentado para muito além do imaginário.
Valdice, parabéns pela crônica, muito legal!
ResponderExcluirMuito bem elaborada sua crônica...Parabéns!!!
ResponderExcluirValdice, você usou a tecnologia até na crônica!! 'Notebook"
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